Sunday, January 13, 2008

Se há uma coisa a ser feita, ela merece ser muito bem feita... E assim pensava um motorista que acelerava nervosamente em uma estrada deserta ao amanhecer. O brilho forte da aurora de um dia sem nuvens em seu rosto o forçou prazerosamente a usar seus óculos escuros Aviator Ray ban. Debaixo das lentes esverdeadas havia um par de olhos atentos como os de um lince e vermelhos como tomate cozido. Com sua jaqueta de couro, cabelos bagunçados e uma natural secura na boca, mais parecia um vampiro recém desamaldiçoado, depois de ter passado a noite inteira sugando sangue de viciados em velocidade e consumidores vorazes de efedrina, mescalina e um universo indizível de estimulantes sintéticos. Estava na sua vigésima sétima hora de pilotagem, induzido a taurina, franol, marapuama, cafeína e muito rock n’ roll por uma estrada esquecida por qualquer entidade fiscalizadora ou policial, o que era essencial para sua missão.
Em seu Ford Maverick perigosamente preparado para rodar em alta velocidade por várias horas. Consumia apenas gasolina de alta octanagem “Burnout”, com seus 6 cilindros em linha e um turbo compressor de 1,7KG seu veiculo era uma maquina hedionda de 470 cavalos vapor. O grande “Tubarão Negro” (carinhosamente batizado pelo seu dono) não apenas desrespeitava leis de trânsito como excesso de velocidade, mas sim levava uma carga desconhecida, alem de criminosa e ilícita no estofamento do seu veiculo, por isso a alta velocidade e a loucura psicótica atrás do volante eram extremante necessárias.
O piloto era considerado o transportador mais eficiente, discreto e perigoso para qualquer tipo de contrabando, por terra, água ou ar ele sempre entregava a carga, nunca alem do prazo estipulado. Ninguém, nenhum grupo fora-da-lei ou a própria lei possuía sua identificação. Ninguém tinha conhecimento de seu nome, nacionalidade, local onde se escondia e muito menos seus hábitos fora de um trabalho. Apenas notoriamente conhecido com L. Viper, o piloto mercenário mais temido no mercado negro de contrabando, contravenções e ilicitudes em geral. Temido até pela própria lei.
Famoso por transportar raríssimos corais hawaianos para a Riviera Francesa em lanchas de corrida (o chamavam de o “Mago do Coral Negro”), papoulas indianas para Amsterdã, peyote mexicano para Trinidad & Tobago, colaborou com George Jung nos seus investimentos na costa oeste dos EUA, Califórnia, na famosa conexão Medellín/San Diego (onde até conheceu o El Padrinho) com seu velho Cesnar de um motor, alem de levar armas reservadas das forças armadas do Brasil e trazer cocaína pura da Colômbia contratado por um famoso traficante internacional. Seria a nova conexão Cali/Rio? Melhor não entrarmos nesse detalhe...
Enfim, o piloto era uma lenda viva e atuante no ramo de transporte ilícito e mortal do mundo do crime internacional. E em sua ultima reunião com seu mais recente contratante ele disse:

“Sou um maldito profissional. Sou um consultor em riscos, destruição e qualquer evento que envolva alta periculosidade... E se você possui algo a ser feito, merece ser bem feito! Enquanto meus rins não sangrarem, eu nunca entrego depois do prazo”.

Por Leonardo Caetano