Wednesday, March 08, 2006

Perigoso e divertido tal qual aposta no The Class

Já dizia Oscar Wilde, uma idéia que não é perigosa nem deveria ser considerada uma idéia! Perigosa e atraente foi minha maldita idéia de apostar com uma ruivona de olhos azuis, quem suportaria ingerir álcool por mais tempo. Nosso erro, ao menos o meu, foi ter escolhido a destrutiva mistura vodka, gelo e coca com gotinhas de limão, e como campo de batalha o famigerado e não tão bem falado The Class A. Esse era o cenário, e a diversão (ou loucura) só estava no começo, uma vez descido aquelas escadas, não há mais volta: Bem Vindos Ao Inferninho. Não tinha entendido essa insana vontade de beber que dominou minha consciência naquele sexta-feira, mas ate então a virtude era baixa, a aposta era boa e a diversão era grande! Uma banda horrível tocando algum tipo de tortura sonora não me deixava outras opções alem de beber, beber e observar os freqüentadores de feições enfraquecidas. E por falar em feição a única que de fato merecia ser observada detalhadamente era da minha adorável oponente, mas minha utópica intenção era derrubá-la. A insanidade iria se procedendo da forma que eu imaginava ter controle (controle?), e depois de algumas rodadas de 500ML da perigosa e deliciosa mistura, me ocorre (mais uma vez perigosa) a idéia de variar a degustação com uma rodada de Johnnie Walker – Red Label, com varias gotas de água de coco. Meu ultimo ato consciente, daí em diante o álcool cantava em minhas veias e batia na minha cabeça, e a musica estranha me soava como um refrão de Jazz. Visão turva, mãos é pés pesados... Essa era minha descrição da alucinação alcoólica que estava se iniciando.
Daqui em diante, minhas lembranças não passam de alguns flash de memória. Memórias e duvidas porque eu queria derrubar a Paty, e como ela arrancou os botões da minha Wollner Safári (camisa, pra não ser fresco), e como fomos parar rolando embaixo de uma das mesas. Tudo que eu sei é que não lembro de muita coisa, e o que eu lembro não é muito decoroso. Notoriedade, viramos celebridades junkies naquele agradabilíssimo recinto! Entre marcas roxas, vômito em estranhos e ajuda pra subir a escadas, eu perco a aposta, não só perdi como declarei publicamente minha tentativa frustrada de encher a cara ao máximo e resistir de pé no limite da embriagues!Horas depois acordo na minha cama, sem saber como fui parar lá, tentando lidar com a mistura de ressaca moral, dor de cabeça e gosto de antibiótico na boca. Repetindo mentalmente: “Caralho, essa foi a ultima vez, tenho que parar”. Um grande engano seria prometer parar, nunca iria cumprir mesmo... Claro que ficou a experiência de uma idéia perigosa colocada em pratica. E Paty minha querida, ainda estou planejando uma forma de te derrubar viu, me aguarde!

Reações Psicóticas

O marasmo causado pela mistura, calor e estomago cheio, sempre me levou a uma criatividade estranha, não me lembro data, mas em uma situação parecida resolvi passar em uma livraria. A primeira estante que surge em minha frente, vejo um livro de capa vermelha com o alucinado do Iggy Pop na foto clássica em que ele andava sob as mãos dos fãs... Claro me chamou atenção na hora, me aproximei e vi que era o livro mais recente do Lester Bangs.
“Acima de tudo isso, ele é um mentiroso, um talento desperdiçado. Um artista em fluxo continuo e um mascate vendendo quilos de sua própria carne”, é assim que o senhor Bangs começa descrevendo o Punk-Repugnante-Junkie, Lou Reed (fundador e membro da Velvet Underground ). O livro traz uma compilação de alguns artigos regados a whiskey, discussões banais e muito rock n’ roll. Fazendo jus ao nome, Reações Psicóticas. Mas voltando a frase da capa do livro, ainda não entendi porque essa porra chamou tanto minha atenção. Deixarei de lado a perfumada forma lapidar de escrever e me deleitarei no estilo livre de socar as letras no papel e ver no que vai dar (no caso aqui, digitando... é a modernidade). Pro inferno agora o livro do Bangs, me interessei agora só em: ... Acima de tudo isso, ele é um mentiroso, um talento desperdiçado. Um artista em fluxo continuo... Será que é assim que me sinto? Em contra partida percebo que é pedante dizer que sou um talento desperdiçado, ou um artista em fluxo continuo. Será que o inicio é o que me cai bem? Acima de tudo isso, ele é um mentiroso!!!!

Vontade de criar versus inspiração que hiberna:

“_ Porra, tava afim de escrever alguma coisa, mas ando completamente sem inspiração... Me ajuda, me da uma idéia do que escrever...

_ Ahhh eu não seria a pessoa certa, mas sei lá, bebe um pouco, enche a cara e começa a escrever...”
Forma interessante e atraente de recuperar a maldita inspiração perdida.